Campo Grande (MS) – O Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS) realizou, na manhã desta quarta-feira (11), um balanço das ações realizadas durante a Operação Pantanal 2024. O evento, que aconteceu na sede da Diretoria de Proteção Ambiental (DPA), em Campo Grande, também marcou o ato de transmissão de cargo da unidade.
A Operação Pantanal 2024, que teve início em abril, é um esforço integrado que mobiliza diversos órgãos de segurança pública com a participação de mais de 2.000 profissionais, entre bombeiros militares, brigadistas, policiais e voluntários. Com o objetivo de reduzir os focos de incêndio e preservar a biodiversidade nos biomas Cerrado, Mata Atlântica e, sobretudo, no Pantanal, a operação é um marco histórico nas ações estratégicas desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros.

De acordo com o balanço apresentado hoje, embora Mato Grosso do Sul tenha enfrentado em 2024 situações ainda mais extremas no clima em comparação aos anos anteriores – como um longo período de estiagem, poucas chuvas e altas temperaturas – as ações inovadoras implantadas pela Corporação para enfrentar os incêndios florestais geraram resultados muito positivos.
A previsão inicial de área queimada para 2024 era de 5 milhões de hectares só no Pantanal. Porém, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA), foram queimados no bioma um total de 1,6 milhões de hectares, quantidade 70% menor do que o esperado.
Dados do Instituto nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam que até o dia 30 de novembro foram registrados 2.986 focos de calor em todo Mato Grosso do Sul, o que resultou em 1019 ações de combate realizadas pelo Corpo de Bombeiros. Para isso foi implantado o Sistema de Comando de Incidentes e utilizadas aeronaves para sobrevoos de monitoramento, além do combate direto ao fogo realizado pelos militares e demais profissionais em campo.
Entre as ações de destaque está a implantação das 13 bases avançadas instaladas em regiões estratégicas do Pantanal e que contribuíram significativamente para um combate mais eficiente ao fogo. A proximidade das bases com os pontos de calor facilitou o deslocamento das equipes, diminuindo o tempo resposta, o que evitou em muitos momentos a propagação das chamas e incêndios de grandes proporções. Além disso, o uso de tecnologias de ponta, como os recursos de geoprocessamento, auxiliou na identificação dos focos de calor e no planejamento das estratégias de combate ao fogo.
“Nós sabíamos que esse ano seria bastante atípico devido ao baixo volume de chuvas, índice do Rio Paraguai já com a previsão de ser o menor e assumimos esse compromisso de fazer diferente. Nos preparamos melhor, implantamos as bases avançadas no Pantanal, o que foi um grande desafio, ou o maior desafio, para manter os nossos militares com maior conforto possível e um mínimo de segurança possível. Eles passaram lá todo esse período, tanto fazendo prevenção quanto combate. Conseguimos cumprir essa missão muito bem. Isso é muito claro quando se mostra a quantidade de área queimada”, destacou o comandante da Operação Pantanal e Subcomandante-Geral do Corpo de Bombeiros, Coronel Adriano Noleto Rampazo.
O Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar, Coronel Frederico Reis Pouso Salas destacou os investimentos do Governo do Estado para o combate aos incêndios florestais.

“Neste ano, somente de investimento direto, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul aportou mais de R$ 25 milhões para a manutenção das nossas viaturas, equipamentos, combate a incêndio florestal, equipamento de proteção individual. Graças ao Governo do Estado nosso homens e mulheres estão chegando no combate de helicóptero. Isso é uma visão estratégica, como diz o secretário. Essa temporada de incêndio florestal é a mais longa de toda a nossa história. Estamos há 252 dias ocupando as áreas remotas do pantanal, sem parar, sem interromper, ou combatendo, ou prevenindo. Esta é a nossa missão. Ano que vem será o ano interior, não para. Teremos 365 dias de Operação Pantanal”, anunciou.
Já a Tenente-Coronel Tatiane Dias de Oliveira Inoue destacou o fortalecimento das parcerias interinstitucionais, a atuação conjunta com órgãos ambientais e a eficácia do uso de tecnologias, que contribuíram para o sucesso da operação. Para ela, os resultados são frutos das ações do Corpo de Bombeiros em parceria com todos ou outros órgãos e dos investimentos do Governo do Estado.
“Muito investimento tem sido empregado nos últimos anos, em capacitação de profissionais, tecnologias, equipamentos, viaturas e aeronaves. Precisamos continuar essa trajetória cada vez mais. Hoje Mato Grosso do Sul é referência. Este ano o Governo Federal aprovou a legislação que versa sobre o manejo integrado do fogo, mas nosso Estado já possui uma lei semelhante e cumpre desde 2021, isso graças ao esforço de vários entes que se reúnem e interagem dentro do Comitê do Fogo”, explicou.
Planejamento para o Combate aos Incêndios Florestais em 2025
As ações de prevenção e combate aos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul são contínuas e abrangem várias etapas, como planejamento, orientação e combate em campo. Porém, em 2025 um diferencial será a permanência das bases avançadas, que ficarão ativas para garantir o monitoramento das regiões mais críticas. Foi o que explicou Coronel Rampazo.
“Para o ano que vem vamos manter as bases. Houve investimento do governo também já para o ano que vem em 40 novas camionetes para substituir essas que já estão desgastadas e vamos nos preparar melhor ainda. Vamos realizar um novo curso de combate a incêndio florestal, curso de pilotagem de veículos e curso de embarcações, porque tudo isso é essencial para manter essas bases. Vamos trabalhar mais para que tenhamos um resultado ainda melhor. Esse trabalho será iniciado na fase de prevenção, depois vem a fase de preparação com todos esses cursos”, disse.
Ainda segundo ele o objetivo é que algumas fases sejam realizadas ao mesmo tempo para garantir que os militares estejam preparados caso haja antecipação do aparecimento dos focos de calor, como aconteceu em 2024.
O novo subdiretor da Diretoria de Proteção Ambiental, Major Eduardo Teixeira, falou sobre a continuidade dos trabalhos e sobre a preparação para a temporada de incêndios 2025.
“A proposta do trabalho é dar continuidade a operação. Estamos mudando o paradigma de uma temporada de incêndios florestais, para um contexto de operação continuada. Não estamos desmobilizando como nos anos anteriores. A partir de agora estamos retraindo os equipamentos para dar a manutenção devida, férias para os militares e, posteriormente, voltaremos com mais forças no ano que vem, para o período crítico. Nossa preocupação é o período crítico da operação, mas nós nos prepararemos no primeiro semestre do ano para chegar com mais fora e efetividade ao combate.

Transmissão de Cargo
Antes, sob o comanda da Tenente-Coronel Tatiane, a DPA passa a ser dirigida pelo Subcomandante-Geral do CBMMS, Coronel Rampazo, com auxílio do subdiretor, Major Teixeira.
Ao deixar o comando da DPA, a Tenente-Coronel Tatiane ressaltou os avanços alcançados ao longo de sua gestão e o importante papel desempenhado pelos profissionais envolvidos na Operação Pantanal 2024.
“A Operação Pantanal 2024, eu costumo dizer que está sendo uma mega operação, uma verdadeira operação de guerra. Neste ano foram aproximadamente 2.500 combatentes entre mulheres e homens, militares do Corpo de Bombeiros MS, de outros estados. Da Força Nacional, Brigadistas do IBAMA, forças armadas, marinha, exército brasileiro e aeronáutica, Defesa Civil, civis, funcionários de propriedades, fazendeiros, organizações não governamentais, enfim, tivemos apoio de muitas pessoas”, disse ela, que agradeceu também a equipe do DPA.
“Todos vocês fazem parte da minha história, e eu tenho muito orgulho de fazer parte desta construção que fez do Mato Grosso do Sul ser um estado referenciado de maneira positiva quando o assunto é o meio ambiente, sendo desenvolvido com inovação, pujança econômica e, sobretudo, com respeito ao ser humano, morador desta terra, ao cidadão Sul-Mato-Grossense”, finalizou.

O Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, destacou a atuação da Tenente-Coronel Tatiane à frente da DPA. “Quando eu via a Tatiane a falando com firmeza, com clareza, sobre o que estava sendo feito, de como estava sendo feito, eu dizia que eu havia sim colocado muitas mulheres à frente de desafios para que elas servissem de exemplo, de incentivo para as adolescentes e as crianças”, disse.
Já o Comandante-Geral, Coronel Frederico, também elogiou a atuação da Tenente-Coronel Tatiane à frente da DPA e no trabalho de combate aos incêndios florestais. “Você veio para cá por causa das suas características. Nos primeiros dias do meu comando eu te fiz este convite, para assumir esse grande desafio, para ficar registrado nas páginas do nosso Corpo de Bombeiros que a Tenente-Coronel Tatiane foi a primeira bombeira, primeira mulher a estar à frente e comandar todas as operações de incêndio no Estado de Mato Grosso do Sul. Essa é uma solenidade de despedida e agradecimento”, disse o Comandante-Geral.
Com a nova gestão, o Corpo de Bombeiros e a DPA seguem com a missão de enfrentar os incêndios florestais com um olhar atento às necessidades da população e do ecossistema do Pantanal.
A ato contou com a presença de autoridades civis e militares e da banda de música do Corpo de Bombeiros Militar.
Fotos: Tenente Edilene Borges
Assessoria de Comunicação
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